Pleonasmo | Significado |
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Cego dos olhos | Se está cego, é dos olhos. |
Maluco da cabeça | Se está maluco, só pode ser da cabeça. |
Subir para cima | Se está subindo, logo, é para cima. |
Descer para baixo | Se está descendo, logo, é para baixo. |
Entrar para dentro | Se está entrando, logo, é para dentro. |
Sair para fora | Se está saindo, logo, é para fora. |
Hemorragia de sangue | A hemorragia já é um derramamento de sangue para fora dos vasos. |
Pessoa Humana | Se é uma pessoa, só pode ser humana. |
Unanimidade de todos | Se é unanime se trata de todos. |
Última versão definitiva | Se é a última versão, será a definitiva. |
Acabamento final | Se é um acabamento, só pode ser final. |
Amanhecer o dia | Se está amanhecendo, só pode ser o dia. |
Surpresa inesperada | Se é uma surpresa, logo, será inesperada. |
Dividir em duas metades iguais | Se são metades, logo, serão iguais. |
Comparecer pessoalmente | Se vai comparecer, só pode ser pessoalmente. |
Conviver junto | Se uma pessoa está convivendo com outra, só pode ser junto. |
Encarar de frente | Se a pessoa está encarando, só pode ser de frente. |
Fato real | Se é um fato, apenas poderá ser real. |
Gritar alto | Se uma pessoa grita, só pode ser alto. |
Vereador da cidade | Pois todo o vereador é da cidade. |
Certeza absoluta | Se uma pessoa tem certeza, ela só pode ser absoluta. |
Abertura inaugural | Se é uma abertura, ela só pode ser inaugural. |
Elo de ligação | Se é um elo, apenas é de ligação. |
Goteira no teto | Uma goteira, só pode ser no teto. |
Verdade verdadeira | Se é uma verdade, só pode ser verdadeira. |
Olhar com os olhos | Se uma pessoa está olhando, só pode ser com os olhos. |
Pisar com os pés | Se uma pessoa está pisando, só pode ser com os pés. |
Falta de desrespeito | Se é desrespeito, apenas é uma falta de respeito. |
Limite extremo | Se é o limite, só pode ser extremo. |
miércoles, 25 de julio de 2012
Tautologia/ Pleonasmo
Acentos agudo e circunflexo
Acentos agudo e circunflexo
Em nossa escrita, as vogais são representadas, na maioria dos casos, com grafemas básicos sem diacríticos (a, e, i, o, u). Uma quantidade reduzida de vogais, porém, é representada com o uso dos acentos agudo e circunflexo (á, â, é, ê, í, ó, ô, ú).
As razões normalmente invocadas para o uso dos acentos na nossa escrita podem ser resumidas, grosso modo, da seguinte forma: acentua-se a vogal da sílaba mais intensa entre as três últimas da palavra sempre que isso for necessário para orientar o leitor quanto à intensidade da sílaba, quanto ao timbre da vogal, se aberto ou fechado e, em certos casos, para diferenciar entre dois sentidos distintos para a palavra.
As motivações tradicionais para o uso dos acentos já estão superadas. Podem ter sido importantes em outra época, mas na realidade atual do idioma, as regras de acentuação soam arbitrárias. Basta uma análise ligeira para perceber que quem definiu as regras da nossa ortografia selecionou arbitrariamente os casos em que o leitor supostamente precisa de orientação quanto ao timbre da vogal e à posição da sílaba intensa. Da mesma forma, os casos em que se usa o chamado acento diferencial também foram definidos arbitrariamente. Além disso, concluiu-se erroneamente que o leitor precisa ser orientado sobre essas informações. O leitor identifica as características das vogais nos casos em que não se usa acento e que são a maioria, então por que não as identificaria nas posições em que o acento é usado? Apesar de as razões tradicionais para uso dos acentos não serem razoáveis, as regras de acentuação continuam sendo exigidas em contextos formais e, por isso, vamos a elas.
As regras de uso dos acentos agudo e circunflexo são as seguintes:
Uso do acento agudo
O acento agudo é usado na representação das vogais abertas /á/, /é/, /ó/ e também de /i/ e /u/. Exemplos: água, época, óbvio, ícone e útil. Além disso, o acento agudo aparece nos dígrafos ín, ím, ún, e úm, que representam vogais nasais. Exemplos: índio, ímpio, único e plúmbeo.
Uso do acento circunflexo
O acento circunflexo é usado na representação das vogais fechadas /â/, /ê/ e /ô/. Exemplos: âmago, convênio ecomplô. Além disso, aparece nos dígrafos âm, ân, êm, ên, ôme ôn, que representam vogais nasais. Exemplos: âmbar, ânfora, êmbolo, ênfase, cômputo e côncavo.
Acentos e intensidade da sílaba
Os acentos agudo e circunflexo só ocorrem na sílaba mais intensa entre as três últimas da palavra. Por exemplo: a palavra com-ple-tí-ssi-mo tem duas sílabas com intensidade destacada, mas só a última apresenta grafema com acento porque está entre as três últimas da palavra. A conseqüência dessa regra é que só se pode usar um acento por palavra.
Proparoxítonas
Proparoxítonas são as palavras em que a antepenúltima sílaba é mais intensa que as posteriores. Todas as palavras deste grupo são acentuadas. Por exemplo: bálsamo, câmara,sétimo, trêmulo, cítrico, próximo, cômodo e último. Esta regra se estende aos dígrafos que representam vogais nasais como em: ímpeto e êmbolo.
Paroxítonas
Paroxítonas são as palavras em que a penúltima sílaba é a mais intensa entre as três sílabas finais. Só uma parte do grupo é acentuada e há várias regras a seguir neste caso. São acentuadas as palavras paroxítonas que terminam com:
Oxítonas
Palavras em que a última sílaba é a mais intensa entre as três sílabas finais são oxítonas. Apenas algumas palavras deste grupo são acentuadas. Vejamos as regras:
Vogais contíguas
Temos duas regras ligadas a vogais contíguas.
Sílabas intensas que apresentam /êẽ/ ou /ôô/
Já não se usa mais. Exemplo: voo, veem.
Sílabas intensas que apresentam /éy/, /éw/ ou /óy/
São acentuadas as palavras em que a sílaba intensa apresenta as seqüências dadas. Exemplos:fiéis, réu, tabaréu, chapéu, jóia e paranóia.
Acentos diferenciais
Usa-se acento diferencial em algumas palavras, supostamente para diferenciá-las de outras com grafia idêntica, exceto pelo acento. Esse recurso é usado, por exemplo, para diferenciar entre duas flexões verbais como em: vem (singular) e vêm(plural). Em alguns casos, temos fonemas distintos, em outros não. Veja na tabela a seguir, alguns pares de palavras cuja grafia se diferencia pelos acentos diferenciais.
Palavras monossilábicas de intensidade fraca
Observe a série seguinte:
Tente encontrá-la.
Doce de leite.
Concentre-se.
As palavras em negrito não são acentuadas, embora aparentemente atendam à regra de acentuação das palavras oxítonas. Diferentemente, são acentuadas as palavras da série a seguir:
Encontro você lá.
Dê-me o livro.
Sê correto.
Catedral da sé.
A diferença está na intensidade da sílaba que compõe a palavra. Na primeira série, temos palavras monossilábicas, pronunciadas sempre em uma intensidade mais fraca que a das sílabas próximas de palavras adjacentes. Pela nossa ortografia, palavras monossilábicas de intensidade fraca não são acentuadas.
fonte: http://www.radames.manosso.nom.br/gramatica/ortografia/acentos.htm
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domingo, 3 de junio de 2012
VIR ou VIER?
1) VIR pode ser:
a) INFINITIVO:
“Eles precisam VIR ao nosso escritório para assinar o contrato.”
Cuidado: “Ele vai vim” está totalmente errado. O certo é “ele vai VIR”. Melhor ainda: “ele VIRÁ”.
b) FUTURO DO SUBJUNTIVO do verbo VER:
“Quando eu VIR o filme, poderei opinar.”
“Se você VIR o projeto, vai adorar.”
Cuidado: O uso do verbo nas frases “Quando eu ver o filme…” e “Se você ver o projeto…” está errado.
2) VIER é FUTURO DO SUBJUNTIVO do verbo VIR:
“Quando eu VIER novamente, assinaremos o contrato.”
“Se você VIER ao Rio de Janeiro, vai adorar.”
Cuidado: O uso do verbo nas frases “Quando eu vir aqui novamente” e “Se você vir ao Rio de Janeiro” está errado.
fonte: http://g1.globo.com/platb/portugues/
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jueves, 2 de febrero de 2012
Tudo e Todo
Usar Tudo e Todo nem sempre é uma tarefa simples. Mas, vamos ver se conseguimos tornar mais leve este desafio.
Primeiro devemos prestar atenção na pronúncia
Tudo Se você percebeu é como se a primeira sílaba e a segunda tivessem sido escritas com “u’ = /tudu/
TOdo Se você percebeu, é como se a segunda sílaba tivesse sido escrita com “u” = /todu/. Na primeira sílaba permanece inalterado o “o” de “to”.
Agora que sabemos que devemos pronunciar diferentemente estas duas palavras, TUDO e TODO, nosso próximo passo é saber quando usar cada uma delas.
Usamos TUDO quando generalizamos, ou seja, quando não especificamos sobre o que estamos falando. Li tudo o que você me pediu
Podemos usar TODO no lugar de TUDO, porém, devemos especificar o que se faz, veja o exemplo: Li todo o material que você me pediu.
Tanto TUDO como TODO são pronomes indefinidos. O caso é que TUDO é invariável enquanto que TODO varia em gênero e número.
Fiz tudo sozinho. Fiz todo o trabalho sozinho. Limpei tudo sozinho. Limpei toda a cozinha sozinho.
Como você percebeu nos exemplos anteriores, a palavra TUDO substitui TODO, mas generaliza a ação. Isso é tudo!!! Ops
Atenção A palavra TODO também é sinônimo de QUALQUER. Veja o exemplo: Ela limpa todo animal que encontra na rua. Ela limpa qualquer animal que encontra na rua.
Primeiro devemos prestar atenção na pronúncia
Tudo Se você percebeu é como se a primeira sílaba e a segunda tivessem sido escritas com “u’ = /tudu/
TOdo Se você percebeu, é como se a segunda sílaba tivesse sido escrita com “u” = /todu/. Na primeira sílaba permanece inalterado o “o” de “to”.
Agora que sabemos que devemos pronunciar diferentemente estas duas palavras, TUDO e TODO, nosso próximo passo é saber quando usar cada uma delas.
Usamos TUDO quando generalizamos, ou seja, quando não especificamos sobre o que estamos falando. Li tudo o que você me pediu
Podemos usar TODO no lugar de TUDO, porém, devemos especificar o que se faz, veja o exemplo: Li todo o material que você me pediu.
Tanto TUDO como TODO são pronomes indefinidos. O caso é que TUDO é invariável enquanto que TODO varia em gênero e número.
Fiz tudo sozinho. Fiz todo o trabalho sozinho. Limpei tudo sozinho. Limpei toda a cozinha sozinho.
Como você percebeu nos exemplos anteriores, a palavra TUDO substitui TODO, mas generaliza a ação. Isso é tudo!!! Ops
Atenção A palavra TODO também é sinônimo de QUALQUER. Veja o exemplo: Ela limpa todo animal que encontra na rua. Ela limpa qualquer animal que encontra na rua.
Fonte:Richard Brunel Matias
lunes, 30 de enero de 2012
A Estrategista
Bete recomenda um conjunto escuro e sóbrio, mas com um decote que mostre o rego dos seios. O rego dos seios é importantíssimo. O viúvo precisa ter uma amostra do que existe por baixo do terninho compungido já no abraço de pêsames.Bete tem um método de prospecção de viúvos. Procura convites para enterro em que não conste "netos". De preferência nem "filhos". É um sinal de que a mulher morreu jovem. Falecida moça igual a viúvo moço. Precisando de consolo imediato.O ideal é quando há mais de um convite. Quando a firma do marido tambémconvida para o enterro. E dá a posição do viúvo na vida. "Nosso gerente", ótimo. "Nossodiretor-financeiro", melhor ainda. "Nosso diretor-presidente", perfeito! Um diretor- presidente com 40 anos ou menos é ouro puro. Segundo a Bete.Bete dá instruções.― Aumenta o decote. Isso.― O que que eu digo?― Chore. Diga "Eu não acredito". Diga "A nossa Pixuxa."― "Pixuxa?!"
― Era o apelido dela. Estava no convite.― A nossa Pixuxa. Certo.― E não esquece de beijar perto da boca, como se fosse descuido.Bete não cobra pelo seu trabalho. Faz pelo desafio, pelo prazer de um desfecho feliz, cientificamente preparado. Quando consegue "colocar" uma das suas amigas, sente-se recompensada. Não é verdade, como dizem alguns, que tenha informantes nos hospitais de primeira classe da cidade e que muitas vezes, quando a mulher morre, ela já tenha um dossiê pronto sobre o viúvo, inclusive com situação financeira atualizada. Trabalha em cima dosconvites para enterro, empiricamente, com pouco tempo para organizar o ataque. Procura se informar o máximo possível sobre o viúvo, depois telefona para uma interessada e expõe asituação.― O nome é bom. Parece que é advogado. Entre 55 e 60 anos. Aproveitável. Dois filhos, mas já devem ter saído de casa.― Entre 55 e 60, sei não...― É pegar ou largar. O enterro é às 5.Bete vai junto aos velórios. Para dar apoio moral, e para o caso de algum ajuste de última hora. Como na vez em que, antes de conseguir chegar no viúvo, sua pupila foi barrada pela mãe dele, que perguntou:― Quem é você?A pretendente começou a gaguejar e Bete imediatamente colocou-se ao seu lado.― A senhora não se lembra da Zequinha? Uma das melhores amigas da Vivi e do Momô.Era tanta a intimidade que a mãe do Moraes, embora nunca soubesse que o apelidodo seu filho fosse Momô, recuou e deixou a Zequinha chegar nele, com seu rego.Foi um dos triunfos da Bete. Naquele mesmo ano, o Moraes e a Zequinha se casaram. Alguns comentavam que tudo começara no enterro da pobre da Vivi, outros que o caso vinha de longe. Ninguém desconfia que foi tudo planejado. Que havia um cérebro de estrategista por trás de tudo.Bete tem medo das livre-atiradoras, das que invadem o seu território sem método,sem classe, enfim, sem a sua orientação. Quando o viúvo é uma raridade, uma pepita ―menos de 40, milionário, quatro ou cinco empresas participando o infausto evento, semherdeiros conhecidos, e bonito ― Bete faz questão que sua orientada chegue cedo novelório, abrace o prospectado ("A nossa Ju! Eu não acredito!"), beije-o demoradamente perto da boca, por descuido, e fique ao seu lado até fecharem o caixão, alerta contra outros decotes. Ela deve até tornar-se uma confidente do viúvo.― Essa que me cumprimentou agora... Não tenho a menor idéia quem é.― Eu também, nunca vi.― Não é uma amiga da Ju?― Vulgar assim? Acho que não.E a Bete cuida da retaguarda. Observa a aproximação de possíveis concorrentes e,quando pode, barra o seu progresso em direção ao viúvo. ("Por favor, vamos deixar ohomem em paz.") De tanto freqüentar velórios, Bete já conhece a concorrência.Sabe que elas vêm dispostas a tudo. Quando o viúvo é muito importante e forma-se uma multidão à sua volta, dificultando o acesso, abrem caminho a cotoveladas. Não hesitamnem em ficar de quatro e engatinhar, entre pernas, até o viúvo. A Bete compreende. Sabe o valor de um bom viúvo em tempos como este. Por isso se sente justificada em usar qualquer meio para impedir o sucesso das outras e assegurar o sucesso das suas. Até a coação física emoral."Estamos numa selva", diz a Bete, para encorajar suas discípulas. E as instrui a não desanimar quando não conseguem prender a atenção do viúvo no velório. Afinal, sempre existe a missa do sétimo dia.
― Era o apelido dela. Estava no convite.― A nossa Pixuxa. Certo.― E não esquece de beijar perto da boca, como se fosse descuido.Bete não cobra pelo seu trabalho. Faz pelo desafio, pelo prazer de um desfecho feliz, cientificamente preparado. Quando consegue "colocar" uma das suas amigas, sente-se recompensada. Não é verdade, como dizem alguns, que tenha informantes nos hospitais de primeira classe da cidade e que muitas vezes, quando a mulher morre, ela já tenha um dossiê pronto sobre o viúvo, inclusive com situação financeira atualizada. Trabalha em cima dosconvites para enterro, empiricamente, com pouco tempo para organizar o ataque. Procura se informar o máximo possível sobre o viúvo, depois telefona para uma interessada e expõe asituação.― O nome é bom. Parece que é advogado. Entre 55 e 60 anos. Aproveitável. Dois filhos, mas já devem ter saído de casa.― Entre 55 e 60, sei não...― É pegar ou largar. O enterro é às 5.Bete vai junto aos velórios. Para dar apoio moral, e para o caso de algum ajuste de última hora. Como na vez em que, antes de conseguir chegar no viúvo, sua pupila foi barrada pela mãe dele, que perguntou:― Quem é você?A pretendente começou a gaguejar e Bete imediatamente colocou-se ao seu lado.― A senhora não se lembra da Zequinha? Uma das melhores amigas da Vivi e do Momô.Era tanta a intimidade que a mãe do Moraes, embora nunca soubesse que o apelidodo seu filho fosse Momô, recuou e deixou a Zequinha chegar nele, com seu rego.Foi um dos triunfos da Bete. Naquele mesmo ano, o Moraes e a Zequinha se casaram. Alguns comentavam que tudo começara no enterro da pobre da Vivi, outros que o caso vinha de longe. Ninguém desconfia que foi tudo planejado. Que havia um cérebro de estrategista por trás de tudo.Bete tem medo das livre-atiradoras, das que invadem o seu território sem método,sem classe, enfim, sem a sua orientação. Quando o viúvo é uma raridade, uma pepita ―menos de 40, milionário, quatro ou cinco empresas participando o infausto evento, semherdeiros conhecidos, e bonito ― Bete faz questão que sua orientada chegue cedo novelório, abrace o prospectado ("A nossa Ju! Eu não acredito!"), beije-o demoradamente perto da boca, por descuido, e fique ao seu lado até fecharem o caixão, alerta contra outros decotes. Ela deve até tornar-se uma confidente do viúvo.― Essa que me cumprimentou agora... Não tenho a menor idéia quem é.― Eu também, nunca vi.― Não é uma amiga da Ju?― Vulgar assim? Acho que não.E a Bete cuida da retaguarda. Observa a aproximação de possíveis concorrentes e,quando pode, barra o seu progresso em direção ao viúvo. ("Por favor, vamos deixar ohomem em paz.") De tanto freqüentar velórios, Bete já conhece a concorrência.Sabe que elas vêm dispostas a tudo. Quando o viúvo é muito importante e forma-se uma multidão à sua volta, dificultando o acesso, abrem caminho a cotoveladas. Não hesitamnem em ficar de quatro e engatinhar, entre pernas, até o viúvo. A Bete compreende. Sabe o valor de um bom viúvo em tempos como este. Por isso se sente justificada em usar qualquer meio para impedir o sucesso das outras e assegurar o sucesso das suas. Até a coação física emoral."Estamos numa selva", diz a Bete, para encorajar suas discípulas. E as instrui a não desanimar quando não conseguem prender a atenção do viúvo no velório. Afinal, sempre existe a missa do sétimo dia.
Fonte: Luiz Fernando Verissimo, Cronicas , Jornal estadão
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